Há um bom tempo, cientistas vêm investigando o caso de desaparecimento de abelhas em diversos pontos do mundo. O ciclo evolutivo de milhões de anos desses insetos está sendo afetado por um fenômeno conhecido internacionalmente como Colony Collapse Disorder (CCD), a Síndrome do Colapso da Colônia. A síndrome culmina o enfraquecimento ou a extinção de toda uma colônia.

Abelhas em sua colmeia
Foto: Simon Plestenjak

O fenômeno começou a ser observado com mais frequência nos anos 1990, quando as abelhas operárias, ao realizarem o forrageamento (atividade de visita às flores para colheita de néctar e pólen), deixam seus ninhos e, devido a problemas de memória e desorientação no campo, não mais retornam as suas colmeias, desaparecendo na natureza.

O problema com o desaparecimento das abelhas coloca em colapso todo um sistema, principalmente o de apicultura, uma das principais atividades agrícolas do mundo. A importância da atividade está relacionada não só a produção de subprodutos como mel, cera e geleia, mas principalmente por sua importante e silenciosa atividade de polinização.

Pesquisas apontam que, atualmente, pelo menos 70% das plantações são potencializadas pela presença de abelhas. Muitas delas, como a de morango, abacate, maçã, entre outras, têm o incremento da sua produtividade diretamente relacionado à presença de abelhas em sua florada.

As causas do desaparecimento repentino de abelhas causa divergência entre cientistas, mas algumas das possibilidades podem ser as formas de manejo de plantações, mudanças climáticas bruscas, déficit nutricional, defensivos agrícolas, doenças, pragas, fungos, ácaros, vírus e outros.

MICROSSENSORES ANALISAM SUMIÇO DAS ABELHAS

O brasileiro Paulo de Souza, que vive na Austrália, desenvolveu uma pesquisa que pode ajudar a responder a questão do desaparecimento das abelhas. Pesquisador líder da área de microssensores da Organização de Pesquisa Industrial e Científica da Austrália, ele desenvolveu um sensor, com tamanho de 2,5 por 2,5 milímetros e peso de 5 miligramas, que é colocado nas costas dos insetos. Ele funciona como um “crachá de identificação”, pois transmite dados e registra o que acontece com o inseto. Os testes são feitos na Tasmânia com quatro colmeias diferentes, com o objetivo de  acompanhar passo a passo os movimentos de 5 mil abelhas, examinando a polinização feita por elas e sua produção de mel.

Abelha sendo analisada
Foto: Divulgação/Csiro- Austrália

Uma matéria do G1 revelou que as colmeias estão a um quilômetro de distância das outras e recebem constantemente pequenas doses de agrotóxicos neonicotinoides (que tem origem na molécula de nicotina) no alimento. Esses defensivos agrícolas já foram banidos em alguns países por suspeita de intoxicar as abelhas, o que seria uma possível causa do Distúrbio do Colapso das Colônias. O início da pesquisa apontou que, quando expostos à esse material, os insetos não retornam às colmeias e morrem após o corpo sofrer uma espécie de “curto-circuito”. Além disso, os resultados também mostraram que as abelhas com sensores que tiveram contato com os defensivos demoravam mais para voltar à colmeia – ou nem voltavam.

MANIFESTO PELA PROTEÇÃO ÀS ABELHAS

Em 2013, um manifesto online criado por um grupo de pesquisadores liderado pelo Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura do Rio Grande do Norte (CETAPIS), para sensibilizar a sociedade e autoridades sobre o perigo do desaparecimento de abelhas. Um dos objetivos é mobilizar lideranças para que uma atitude imediata seja tomada sobre o caso, principalmente para identificação precisa sobre o que pode levar o desaparecimento desses animais.

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