Os peixes da espécie ‘Lampris guttatus‘, conhecidos internacionalmente por terem o tamanho de um pneu de carro, voltaram a chamar a atenção dos cientistas, agora, por uma característica ainda mais incrível. Eles estão sendo considerados os primeiros peixes conhecidos no mundo a terem o sangue completamente quente.

Primeiro peixe com sangue completamente quente
(Foto: NOAA Fisheries, Southwest Fisheries Science Center)

Apelidado internacionalmente como Opah, a espécie se diferencia dos demais peixes pela endotermia, podendo manter a sua própria temperatura elevada sem ajuda de fatores externos. Os peixes conhecidos hoje são sangues-frios e só conseguem elevar a temperatura quando estão próximos de zonas de calor.

De acordo com um estudo desenvolvido pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês), um dos fatores que mais chamaram a atenção é que a temperatura destes animais se mantém elevada mesmo quando ele mergulha em longas profundidades.

“O aumento da temperatura acelera os processos fisiológicos dentro do corpo. Como resultado, os músculos podem contrair mais rápido, a resolução temporal do olho aumenta, e as transmissões neurológicas são acelerados. Isso resulta em velocidades de natação mais rápida, melhor visão e tempos de resposta mais ágeis”, explicou o biólogo Nicholas Wegner, líder do estudo, ao portal americano LiveScience.

O resultado, disse Wegner, é um peixe de natação rápida com uma vantagem sobre outros peixes mais lentos e com sangue frio.

Abaixo do oceano

Primeiro peixe com sangue completamente quente
(Foto: Wikimedia Commons)

Encontrados no Havaí e parte da áfrica, o Opah, também conhecido como o moonfish, tem barbatanas vermelhas que decoram seu corpo grande e redondo, podendo crescer até 1,8 metros de comprimento. Estas barbatanas, que são agitadas rapidamente para a natação do animal, vieram a ser importantes na geração de calor do corpo para o Opah.

“O opah parece produzir a maioria de seu calor constantemente batendo suas barbatanas peitorais que são utilizados na natação contínua”, disse Wegner.

Os pesquisadores primeiro suspeitaram que algo poderia ser diferente sobre o Opah depois de analisar uma amostra de tecido branquial do peixe. De acordo com o novo estudo, publicado nesta quinta feira (14) na revista Science, o processo interno para o aquecimento constante do animal foi apelidado como “permuta de calor em contra-corrente”.

“Nunca houve nada como isso visto em guelras de um peixe antes”, disse Wegner em um comunicado. “Esta é uma inovação legal por estes animais que lhes dá uma vantagem competitiva. O conceito de troca de calor em contra-corrente foi inventado em peixes muito antes [dos seres humanos] pensarem nisso”.

Para confirmar este processo, propiciado por brânquias especiais que ajudam o Opah a ficar quentinho, os pesquisadores marcaram uma série destes peixes com monitores de temperatura e acompanharam como eles mergulharam. Os peixes passam a maior parte do seu tempo a pelo menos 45 metros abaixo da superfície do oceano. Não importa o quão profundo eles mergulham, no entanto, a temperatura do corpo permanece na marca de 5 graus Celsius, que é mais quente do que a água ao redor. Os pesquisadores descobriram também que os depósitos de gordura ao redor das brânquias e músculos auxiliam a isolar e manter a temperatura do peixe.

54 COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor informe seu comentário!
Por favor informe seu nome aqui