As serpentes e os morcegos endêmicos de regiões da América do Norte estão correndo risco de serem dizimados devido à ação de duas espécies de fungos que se hospedam nestes animais, causando sua morte em pouco tempo. Um destes fungos, o ‘Pseudogymnoascus destructans’, já foi abordado aqui no TB e é conhecido por atacar morcegos e deixá-los com uma característica chamada de síndrome-do-nariz-branco (leia aqui).

Após a descoberta do ‘P. destructans’, pesquisadores encontram um fungo que age de forma de forma semelhante no corpo das serpentes. Trata-se do ‘Ophidiomyces ophiodiicola’, endêmico em locais de temperaturas mais elevadas e que se alimenta de queratina, composto encontrado nas serpentes. Quando em contato com o animal, ele pode causar crostas, nódulos, úlceras e outras alterações na pele do réptil.

Cobra afetada por fungo
Serpente da espécie ‘Coluber constrictor’ afetada pelo fungo (Foto/Reprodução: D.E. Green, USGS National Wildlife Health Center)

Contudo, apesar de estar sendo comparado ao fungo que ataca os morcegos, estes seres são classificados de famílias e espécies diferentes, sendo semelhantes apenas em características básicas, que lhes permitem persistir em toda uma gama de habitats e infectar várias espécies.

“O fungo que está matando essas serpentes é notavelmente semelhante em sua biologia básica ao fungo que matou milhões de morcegos”, diz Andrew Miller, do Conservatório de História Natural na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, e responsável por uma pesquisa sobre o ‘O. ophiodiicola’ publicada na revista Science Direct.  “Ele ocorre no solo e parece crescer em uma grande variedade de substâncias. Além disso, possui muitas das mesmas enzimas que tornam o fungo que afeta os morcegos persistente”, afirma ainda o autor.

Serpente afetada por fungo
Espécie ‘Nerodia sipedon’ afetada por fungo (Foto/Reprodução: D.E. Green, USGS National Wildlife Health Center)

Os patógenos das serpentes e morcegos, ambos surgiram na América do Norte em meados dos anos 2000, e se instalaram em algumas partes dos Estados Unidos e Canadá. Os pesquisadores da vida selvagem têm lutado para manter o fenômeno apenas como uma onda de infecções e encontrar formas de proteger os animais.

“Sabemos que o fungo está lá fora, sabemos que está matando serpentes, mas esses animais estão saudáveis ​​ou o fungo se instala em serpentes que já estão enfraquecidas por alguma outra causa?” indaga Mathew Allender, coautor do estudo. Ainda segundo ele, a degradação do habitat, poluição, estresse por invasão humana e tempo severo, todos esses fatores podem piorar a saúde da serpente, o que poderia tornar os animais mais suscetíveis à doença.

“Enquanto a atenção para a síndrome-do-nariz-branco está ganhando força nos círculos científicos, os pesquisadores têm sido mais lentos para reconhecer doenças emergentes semelhantes em répteis e anfíbios”, complementa Allender.

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