Botânicos do Brasil, Estados Unidos e Alemanha descreveram uma nova nova espécie de planta carnívora que é encontrada em regiões serranas de Minas Gerais. Conhecida popularmente como “orvalhinha”, a planta foi descrita como ‘Drosera magnifica‘ e um estudo sobre ela foi publicado no renomado periódico internacional Phytotaxa.

Paulo Gonella, um dos pesquisadores responsável pelo estudo sobre a nova espécie (Foto: reprodução/Facebook)

Podendo medir até 1,5 metros, a planta vem chamando a atenção por causa de seu tamanho e aparência excepcionais. Na folhagem carnívora, a planta tem folhas longas e finas que podem atingir 24 centímetros de comprimento cada, sendo também bastante pegajosas e reluzentes. O apelido orvalhinha vem de gotículas de uma mucilagem viscosa e pegajosa produzida por glândulas ou “tentáculos” na planta. Esses “tentáculos” vermelhos e reluzentes são visualmente atrativos e constituem uma armadilha mortal para possíveis presas, como insetos.

De acordo com informações do Instituto De Biociências da da Universidade de São Paulo, que abordou a descoberta em seu site, a forma que a planta foi descoberta também chama a atenção. Ela foi descoberta por meio de fotos publicadas no Facebook, em 2012. A imagem da planta foi divulgada por Reginaldo Vasconcelos, orquidófilo e entusiasta da flora nativa, que tirou a foto durante uma de suas andanças nas montanhas próximas à sua cidade, Governador Valadares, no leste de Minas Gerais.

Planta carnívora
(Foto: reprodução/Paulo Gonella)

Quando os especialistas em plantas carnívoras, Paulo Gonella e Fernando Rivadavia tomaram conhecimento do material identificaram a planta como uma nova espécie e planejaram uma expedição para estuda-la.

“O gênero Drosera, ao qual essa nova espécie pertence, é o maior grupo de plantas carnívoras, compreendendo cerca de 250 espécies distribuídas pelo mundo todo, mas principalmente em áreas tropicais da Austrália, África do Sul e Brasil”, explicou o Dr. Andreas Fleischmann do Jardim Botânico de Munique (Alemanha), um dos autores do trabalho.

(Foto: reprodução/Paulo Gonella)

 

De acordo com Rivadavia, especialista nessas plantas e que estudou as plantas na natureza em 2013, logo após sua descoberta no Facebook, na maioria das espécies de Drosera, os tentáculos e até mesmo as folhas são capazes de se movimentar, se dobrando sobre a presa capturada, aprisionando-a com mais mucilagem adesiva e aderindo-a em mais tentáculos. Os insetos, então, morrem sufocados e são lentamente digeridos por enzimas secretadas pela planta. Essa “dieta carnívora” garante uma fonte extra de nutrientes, como o nitrogênio e o fósforo, uma vez que essas plantas costumam habitar solos pobres em nutrientes.

RISCO
Apesar de ter sido recentemente descoberta, a Drosera magnifica já enfrenta risco de extinção. A nova espécie foi encontrada em apenas uma montanha, rodeada de pequenas fazendas com criações de gado e plantações de café e eucalipto. Espécies invasoras de gramíneas foram observadas quase até o topo da montanha, que foi quase totalmente desmatada e não é protegida por nenhuma área de preservação ou parque nacional.

Planta carnívora
(Foto: reprodução/Paulo Gonella)

 

“Temos esperança de que a descoberta de uma espécie nova tão extraordinária chame a atenção para a necessidade de se preservar esse frágil ecossistema. Foi uma grande surpresa para todos nós descobrir que essa área foi tão pouco estudada por botânicos, podendo abrigar diversas novas espécies de plantas que ainda não foram descritas para a ciência”, relata o botânico Paulo Gonella, doutorando do Laboratório de Sistemática Vegetal da Universidade de São Paulo, que atualmente realiza seu doutorado sanduíche em Munique, na Alemanha. Outras montanhas próximas foram exploradas pelos cientistas, mas, até agora, nenhuma outra população dessa rara planta foi encontrada.

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