A reserva ecológica de Comboios (ES), único território fixo para a desova de tartarugas-gigantes no Brasil, foi atingido pela lama decorrente do desastre em Mariana (MG). Há aproximadamente uma semana, ambientalistas fizeram ações para tentar evitar que resíduos chegassem à reserva através da distribuição de boias na região, mas a medida não retardou o avanço da lama.

(Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

De acordo com informações do Estadão, apesar de o principal ponto de desova das tartarugas ter sido afetado, os ninhos dos animais que estavam próximos a foz do Rio Doce foram retirados previamente para que a lama não os atingisse.

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“Conseguimos retirar os filhotes que nasceram e os soltamos em outro ponto no mar como medida de emergência, mas não sabemos se eles serão ou não contaminados. Se o grosso dessa lama vier e ficar depositado tanto na foz quanto nas praias, não sabemos o impacto que vai trazer para o biodiversidade”, explicou Antônio de Pádua Almeida, chefe da Reserva de Comboios.

Apesar de ser conhecida por ser servir de local de desova para as tartarugas-gigantes, a reserva também era lar para caranguejos e diversas espécies de peixes.

CORRIDA CONTRA O TEMPO
Desde o anúncio do rompimento da barragem de Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, que fez transbordar uma segunda barragem de rejeitos, a de Santarém, biólogos vem trabalhando para tentar salvar o maior número de espécies possíveis que podem ser atingidas pela lama. Na região onde as barragens se romperam, pesquisadores já declararam que espécies endêmicas já podem estar extintas.

De acordo com informações da BBC, uma equipe do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas (Tamar/ICMBio) abriu dois ninhos de tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), para retirar de lá filhotes recém-nascidos e transportá-los para um ponto mais ao sul da praia de Regência, afastado da foz do Rio Doce. E essa foi apenas uma das ações para tentar salvar o máximo de animais possíveis.

“Os ninhos já são depositados pelas fêmeas nas áreas secas da praia, onde a maré não banha. Mas estamos movendo porque a praia pode avançar, pode haver erosão natural. Preferimos fazer isso por segurança.”

Para proteger os filhotes que nasceram recentemente e que vivem nas regiões atingidas, os biólogos redobraram a atenção sobre o rumo que a mancha marrom tomará por causa dos ventos e das correntes marítimas.

“Queremos que eles possam correr para o mar livres de lama. Esse percurso é importante porque eles o memorizam para voltar no futuro.”

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