Um caso raro de um animal capaz de fazer fotossíntese, como as plantas, tem intrigado cientistas. Descoberta a mais de 20 anos, a habilidade foi registrada em uma lesma marinha representante da espécie ‘Elysia chlorotica’ e pesquisadores continuam estudando o caso.

Lesma marinha que faz fotossíntese
Foto: Divulgação

Considerada por alguns como uma vida intermediária entre o reino animal e vegetal, a lesma, conhecida internacionalmente como Sneaky, parece ter “roubado” genes de algas que ela usava como alimento, os “encaixando” em seus cromossomos. Com isso, o animal passou a manter em seu corpo o pigmento verde clorofila das algas e também a ser capaz de adquirir os nutrientes que precisa para sobreviver fazendo fotossíntese.

Uma entrevista publicada pelo periódico internacional Daily Mail com um dos pesquisadores do caso, o professor Sidney Pierce, da Universidade do Sul da Flórida, revelou os resultados mais recentes de trabalhos com estes animais somente agora, na reunião anual da Sociedade para Biologia Integrativa e Comparativa em Seattle. A descoberta foi relatada pela primeira vez na Science News.

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Cloroplastos incorporados pela lesma. Foto/Reprodução: Kristian Peters

“Descobrir o mecanismo dessa transferência de genes que ocorre naturalmente poderia ser extremamente instrutiva para futuras aplicações médicas em humanos”, disse.

Ainda de acordo com Pierce, “Esta é a primeira vez que os animais multicelulares têm sido capazes de produzir clorofila. Essas lesmas do mar vivem em “pântanos” de água salgada na Nova Inglaterra e Canadá.

Segundo parte das pesquisas, estes seres podem ser mantidos em aquários por um mês sem nenhum alimento. Enquanto tiver luz sobre eles, 12 horas por dia, eles sobrevivem sem necessidade de comer absolutamente nada.

Os investigadores usaram um marcador radioativo para ter certeza que as lesmas são realmente produtoras de clorofila, ao invés de apenas roubar o pigmento pré-fabricado pelas algas.

Em tese, as lesmas incorporaram totalmente parte do material genético das algas, e essa incorporação se deu de modo tão perfeito que a característica ímpar foi transmitida para os descendentes.

Com a nova característica, lesma adquiriu a cor verde. Foto: Patrick Krug

Apesar disso, os filhotes das lesmas não podem fazer fotossíntese imediatamente quando nascem. Em alguns espécimes observados, eles precisaram comer grandes quantidades de algas para ativar algum mecanismo interno, para então produzirem o seu próprio alimento, como as plantas.

Agora, com a certeza da transferência de genes de uma espécie diferente à outra ser possível, a esperança dos cientistas é descobrir como o processo acontece.

Foto: Patrick Krug

Atualização:

Um leitor do TopBiologia no enviou um link que divulga um estudo completo, em inglês, sobre o caso da ‘Elysia chlorotica’. Quem quiser conferir, acesse aqui.

81 COMENTÁRIOS

  1. Olá

    segundo o periódico internacional Daily Mail (http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2939249/The-solar-powered-SLUG-Creature-steals-genes-algae-eats-photosynthesise-like-leaf.html)

    As lesmas não produzem os cloroplastos.
    Esse “truque” de roubar genes possibilita a manutenção dos cloroplastos “roubados” de vegetais, no caso a espécie Vaucheria litorea.

    Caso estejam interessados em mais informações segue um link com o trabalho completo (em inglês):
    http://www.plantphysiol.org/content/123/1/29.full

  2. Verdade Ana Maria Langaro, também pensei em uma simbiose, assim como acontece com algumas hidras!! Zooxantelas se não me engano, mas é só uma suposição! Agora se existe realmente algum estudo genético explicandoa transferência de genes a coisa muda, mas gostaria da fonte desse estudo de tranferencia genética!

  3. Muito interressante, mas vamos com calma nesse texto. É realmente apenas UMA mutação que permite a lesma manter os cloroplastos? Me parece um caso de múltiplas mutações… mas sei lá né

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