Para tentar solucionar o problema da dengue no Brasil e em outros países que sofrem com a influência do Aedes aegypti, um grupo de cientistas brasileiros e de outros países se juntaram para criar o que pode ser o futuro exterminador da doença: mosquitos machos, da própria espécie transmissora da doença, geneticamente modificados. O objetivo, que já começou a mostrar resultados com testes em Piracicaba (SP),  é que os machos da espécie, criados em laboratório, copulem com as fêmeas e transmitam para elas um gene capaz de causar a morte da futura prole antes do seu amadurecimento.

Mosquitos da dengue machos produzidos em laboratório
Mosquito Aedes aegypti macho fabricado pela Oxitec, em Campinas, SP (Foto/Reprodução: Eduardo Carvalho/G1)

Em um estudo divulgado no início deste mês na revista científica Plos One, pesquisadores da Universidade de São Paulo e cientistas das empresas Moscamed, na Bahia, e Oxitec, de Abingdon, no Reino Unido, divulgaram os resultados iniciais de testes realizados com os “novos mosquitos” no Brasil e na Flórida.

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De acordo com informações do portal americano New Scientist, o plano dos pesquisadores é reduzir gradualmente o número de mosquitos transmissores da dengue em regiões em que existe incidência da doença através dos novos machos da espécie. Atualmente, os “mosquitos de laboratório” são criados em massa em uma fábrica em Campinas, Brasil, através do intermédio de cientistas da Oxitec. A empresa tem uma licença para comercializar e liberar os mosquitos por causa qualquer lugar do Brasil.

Segundo informações do estudo inicial, os testes com estes novos animais começaram em 6 de abril deste ano e mais de 6 milhões de mosquitos já foram liberados apenas em Piracicaba, uma das cidades mais afetadas pela doença.

Resultados com base na luz
Os mosquitos transgênicos também carregam um gene que faz com que as larvas resultados da cúpula de fêmeas com os novos machos desenvolvam brilho vermelho sob luz ultravioleta, que permite aos cientistas ver a olho quão bem a estratégia está funcionando.

“Isso dá uma leitura instantânea de sucesso como você está dirigindo pela população nativa”, diz Hadyn Parry, chefe executivo da Oxitec ao New Scientist.

Entre as conclusões, está um trabalho realizado em um subúrbio de Juazeiro, na Bahia, que mostrou que no prazo de seis meses, os mosquitos geneticamente modificados tinham reduzido a população nativa em 95% – índice abaixo do nível teórico necessário para transmitir a doença.

“Ele mostrou que o nosso método é mais eficaz do que qualquer outro a erradicar os mosquitos que transmitem a doença”, diz Parry. “Com inseticidas, nada apaga mais de 50 por cento dos mosquitos, ao passo que nós temos acima de 90 por cento”.

Agora, os pesquisadores querem descobrir se a redução de mosquitos transmissores de dengue vai realmente levar a uma queda na incidência da doença e a sua possível erradicação.

“Em teoria, se você tem menos mosquitos, teria menos transmissões. Mas isso ainda está sendo investigado”, diz Margareth Capurro, da Universidade de São Paulo, e chefe da equipe brasileira que realizou a pesquisa em Juazeiro.

“Você pode ter muitos mosquitos com apenas alguns infectados, ou muito poucos com todos eles infectados”, diz ela. “Se isso acontecer, você suprime a população, mas não afeta a transmissão da dengue.”

15 COMENTÁRIOS

  1. Lamentavelmente considerando o tempo de vida de um mosquito e como eles matam a prole da geração subsequente. Esses mosquitos durarão apenas alguns dias , demandando mais espécies modificadas a cada geração…não sei será a solução ou se é economicamente viável…

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